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A INTERNET É O ESPELHO (DES)MORALIZADOR DA SOCIEDADE



 

Por: ¹Zulfikar Abdurremane & Ricardo Mutita ²                     

Talvez haja, por aqui, quem se lembre das promessas feitas ou dos objectivos almejados quando nos chegou a internet. Uns acreditavam que a Internet seria o melhor veículo para transformar o mundo numa comunidade de cidadãos bem informados, outros esperavam que, por meio dela, a sociedade viesse a ser mais tolerante e pacífica, enquanto que mais uns e outros olhavam-na como um espelho a(r)mado da sociedade, podendo, desse modo, o seu reflexo, ser (des)moralizador.

Hoje, se nos pusermos a olhar em nossa volta, tanto no mundo virtual, como no real, sentimos a profundidade dessa mudança tecnológica. Notamos, claramente, que a vida virtual está a ganhar mais espaço socialmente do que a vida física e, por vezes, parece que o real e o imaginário se entrecruzam como se fosse um só, fazendo com que se (des) moralize, não apenas esta, mas também a geração que se segue em termos de sociabilidade, engajamento cívico e intensidade nas relações familiares e de amizade.       

É triste quando assistimos, frequentemente, à cenas que nos oferecem uma visão contraditória daquilo que esperávamos que fosse o bom uso da internet: níveis de violência crescentes, pornografia, mensagens com imagens e comentários depreciativos, profusão de discursos de ódio e intolerância a serem confundidos com a liberdade de expressão, “fake news” envolvendo figuras públicas, sem falar do contínuo desrespeito no cumprimento das medidas de prevenção contra a Covid-19, aumento do racismo e injuria racial e outros males que assombram o mundo.

Certamente que todos nós já ouvimos reclamações sobre como muitos jovens, gastam tempo demais “online” e pouco tempo no “mundo real”. Talvez seja porque nunca (antes da internet) nós como sociedade procuramos determinar como usar ou aplicar a ética e a moral em nossas vidas (física ou real), e com o surgimento dela (internet) as portas abriram-se para a criação de um modelo de vida onde “este imita aquele e aquele imita este” através das pastagens/partilhas de fotografias/selfies, vídeos, “memes”, parodias, com “likes”, comentários etc, só para não ficar de fora desta construção social. E o reflexo disto tem tido inclinações que, na sua maioria, não têm sido nem tão pouco moralizadoras para a construção daquela geração que almejamos quando nos chegou a internet.   

No fim das contas, percebemos que nem mesmo nós próprios sabemos o que queremos ou fazemos com o que temos ao nosso dispor. O ambiente online pode ser frequentado para motivar estudos sobre compartilhamento de informações e comportamentos humanos, enquanto membros de uma sociedade, tal como pretende o presente texto, mas parece que, ao escrevermos isto, admitimos, de antemão, que estamos “super” atrasados, pois, por mais irónico que pareça, necessitamos de discutir mais sobre a habilidade de navegação para não voltarmos a cair nas malhas dos promotores da desmoralização. Sim, todos nós, em algum momento, durante a passeata pela internet (redes sociais), fomos vítimas e/ou promotores da desmoralização.     

É certo que a internet nos moraliza, por exemplo quando as informações sobre os ataques dos “jihadistas”, em Mocímboa da Praia, são divulgadas em vídeos e fotos nas redes sociais, embora seja apenas uma manifestação digital e ponto final, mas, pelo menos fica uma aparente actuação social positiva que, quiçá, venha a servir de exemplo para um membro da sociedade e, assim, vamos construindo a terra prometida.

Entretanto, sobretudo e por tudo quanto é nada, ela desmoraliza a nós e as gerações que se veem a embarcar neste vale de lágrimas, quando tais informações, ao invés de serem circuladas com intuito solidário para com as vítimas dos ataques armados, são para “o inglês ver”, mitigando-se, desse modo, os valores morais em prol da satisfação das vaidades com “likes” e comentários de nada.

Hoje, com o crescente número de manipulações de mentes humanas, científicas, religiosas, político-militar, socioculturais entre outros tipos de manipulações que correm pela internet, sentimos na pele e alma que a internet que constrói, é a mesma que destrói. É, portanto, hora de levantarmos o queixo e abrirmos os olhos para entendermos que podemos não ser os únicos culpados por esta disseminação de propaganda venenosa pelo ambiente online, mas somos os principais responsáveis para fazer com que a internet seja o espelho da sociedade com um reflexo moralizador, dando-se o testemunho vivo de uma actuação social positiva por cada um de nós na vida real e virtual.



  ¹ Licenciado em Ensino de História com Habilitação em Ensino de Geografia pela Universidade Pedagógica - Delegação de Nampula; Activista Social pelas causas Filantrópicas e Ambientais. Actualmente, Técnico dos SDEJT de Montepuez – Cabo Delgado.  


 ²Licenciado em Ensino do Português com Habilitação em Ensino de Inglês pela Universidade Pedagógica – Delegação de Nampula, Pesquisador de Língua Portuguesa e Literaturas de Expressão Portuguesa, Docente de Língua Portuguesa na Escola Secundária de Balama – Cabo Delgado, Locutor-Jornalista na Rádio Comunitária Mpharama (Balama), Colaborador da Rádio Santa Victória de Tete, Activista Social pelos Direitos Humanos e Membro da Organização Literária de Escritores e Princípios Artísticos (OLEPA).



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4 Comentários

  1. Parabens meus jovens ...gostei de ler vosso artigo

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  2. Muito obrigado, irmão, pelo suporte. Fica como um TPC para melhorarmos mais, das próximas vezes. Grande abraço!

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  3. De nada,voçes estão fazendo optimo trabalho.Deus via abençoe

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