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Renamo diz que está no parlamento para travar "ditadura da Frelimo"


A Renamo viu a sua bancada perder 29 dos 89 deputados que tinha na legislatura 2015-2020, na sequência das eleições gerais de outubro passado, que o partido considera terem sido fraudulentas.
Na primeira entrevista após a tomada de posse do parlamento, à Lusa, o novo chefe da bancada da Renamo na Assembleia da República (AR), Viana Magalhães, afirmou que o partido decidiu entrar no parlamento para travar o que diz ser a tendência ditatorial da Frelimo, partido que conquistou uma maioria qualificada de 184 dos 250 assentos da AR.
"Ao assumirmos os nossos assentos, fizemo-lo com a convicção de que é uma forma que temos de frear esta ditadura, que tem uma maioria forçada", declarou Viana Magalhães.
Se a Renamo não ocupasse os assentos no parlamento, em protesto contra "o roubo" nas eleições, a Frelimo teria livre trânsito para perpetuar "os desmandos" na governação do país.
Questionado sobre como é que a sua bancada pode influenciar as posições de uma bancada com maioria qualificada, Viana Magalhães afirmou que "a Renamo será uma voz de denúncia ativa", para dentro e fora do país, da "tirania da Frelimo".
Durante os próximos cinco anos, a bancada parlamentar do principal partido da oposição vai empenhar-se na despartidarização do Estado, que afirma estar "capturado pela Frelimo".
"Vemos que há toda uma necessidade de nós, como parlamento, por um lado, e a sociedade civil, no seu todo, nos empenharmos para que a despartidarização do Estado em Moçambique seja uma realidade", declarou Viana Magalhães.
Em relação à ambiguidade no seio do partido sobre o retorno à guerra, como forma de pressão face à alegada fraude, Viana Magalhães enfatizou que o partido está comprometido com o respeito pelo Acordo de Paz e Reconciliação Nacional assinado a 06 de agosto em Maputo.
"Ao defendermos o não retorno à guerra, estamos a seguir aquilo que foi o legado do nosso saudoso presidente [Afonso Dhlakama], ele é que, unilateralmente, decretou as tréguas", defendeu Magalhães.
A Renamo, prosseguiu, vai apostar no diálogo para a resolução de qualquer litígio político, porque, disse, a Frelimo usa a guerra para justificar o fracasso da sua governação.
Viana Magalhães usou os predicados a que a direção do partido tem recorrido para qualificar os membros da Junta Militar da Renamo, um grupo dissidente da guerrilha do partido, considerando-os "desertores".
"O partido já apareceu a distanciar-se da Junta Militar, nós consideramo-los desertores", disse, acerca do grupo que se suspeita ser autor de ataques armados em estradas e aldeias do Centro do país, provocando 21 mortos desde agosto.
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