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Acentuam-se clivagens na Renamo

 



É que, desde o falecimento de Afonso Dhlakama e consequente convocação do congresso que elegeu Ossufo Momade para presidente da Renamo, o maior partido da oposição do país, nunca gozou de “boa saúde interna” e as clivagens tiveram o seu expoente máximo no surgimento da JMR liderada por Mariano Nhongo que desde o princípio contestou a liderança de Ossufo Momade. A eleição de Mariano Nhongo, num congresso da JMR, algures na Serra da Gorongosa, foi anunciada a 19 de Agosto de 2019. O mote do surgimento daquele movimento, segundo os seus mentores, é a contestação a Ossufo Momade que é acusado, por aquele grupo, de ter excluído do processo de Desmobilização, Desarmamento e Reintegração (DDR) 60% dos militares da Renamo. Pouco tempo depois da sua criação, depois de várias ameaças nesse sentido, a JMR avançou com ataques armados a alvos civis nas províncias de Manica e Sofala, no centro do país. Aliás, o surgimento da JMR expôs publicamente a falta de consistência interna do partido de Ossufo Momade. Na altura, o porta-voz da Renamo, José Manteigas, de pronto, referiu que Ossufo Momade é o Presidente do partido, eleito pelo Congresso. "A RENAMO, partido político devi damente registado e representado pelo presidente eleito no Congresso este ano (2019), o general Ossufo Momade é uma das partes que assinou o acordo definitivo de paz e reconciliação nacional. Outras vozes não vinculam a RENAMO”, disse Manteigas reagindo à criação da JMR. Posicionamento contrário foi avançado por Maria Ivone Soares, deputada da Renamo que, numa das suas intrervenções na Assembléia da República, assumiu que a JMR era assunto interno da Renamo e que se deixasse ela resolver. Soares foi mais longe ao chemar os integrantes da JMR de “nossos filhos

 

FRAGILIDADES

 O recente surgimento de André Oliveira Matade Matsangaissa Jr está a expor, cada vez mais, fragilidades no seio da Renamo, visto este partido ser a ambrela da Junta Militar da Renamo. Tido como braço direito de Nhongo, o sobrinho do fundador da Renamo, André Matsangaissa Jr, foi recebido pelo Presidente da República, Filipe Nyusi, e disse aderir ao DDR no interesse pela paz. Já em entrevista ao semanário Savana, Matsangaissa Jr acrescentou que a sua missão principal é reunificar a “família Renamo”, reiterando a con testação à direcção de Ossufo Momade e confirmando a continuação da sua ligação à JMR. Matsangaissa Jr saiu das matas pela mão do Representante Pessoal do Secretário-Geral das Nações Unidas, Mirko Manzoni, que também preside o Grupo de Contacto. Numa outra demonstração de clivagens na própria facção dissidente da Renamo, enquando Matsangaissa Jr pronuncia-se a favor da aderência ao DDR por parte de outros integrantes da JMR, eis que Mariano Nhongo, em teleconferência no final da semana passada diz recusar-se a aderir a este processo enquanto o Governo não aceitar as suas reivindicações. Em relação aos apelos para aderir ao DDR, em teleconferência, Nhongo disse que “isso depende do Governo. Eu passei o documento (reivindicativo) no ano passado, no dia 02 de Outubro, e até hoje ainda não há resposta. Enquanto flui a troca de mimos e persiste a recusa de Nhongo em aderir ao DDR, o certo é que parte dos guerrilheiros da JMR estão a aderir ao processo e Matsngaissa Jr está a aparecer como mais um polo de actuação da Renamo depois de Ossufo Momade e Mariano Nhongo.

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