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No Reino das "Rapidinhas"



São 23 horas. Tempo de ir para a montra. Na chamada Rua dos Pecados, despem-se as capulanas e os lenços, surgem os saiotes curtos e transparentes que realçam o fio dental, destapando as pontas dos mamilos. Ancas e coxas ganham bamboleios, pois irão marcar a diferença, no difícil exercício de atrair clientes. Tudo então se altera. Do andar, ao falar… Todas são poliglotas, “spicando” do inglês ao alemão misturado com o bitonga quando necessário. Não há complexos nem inibições, pois os pontapés na gramática até são um modelo de atracção.
O sol já se foi, mas o dia ainda é uma criança no reino das “rapidinhas”, das bebidas ingeridas a contra-gosto, das danças e estilos forçados pelas circunstâncias! Vêm da periferia da capital e de outros pontos do país, a maioria à sucapa de pais ou familiares que as acolhem, rumo à noite maputense. Jovens ainda na puberdade, dos 13 anos em diante, saem de casa como boas meninas, muitas vezes com mochilas de estudante, mas no “triângulo vermelho” operam transformações, vestindo o “fato de trabalho”. Aí, misturam- se com as veteranas. Os cabelos são tratados à medida das posses, desfrizados, substituídos por tissagens ou perucas… tudo, menos a carapinha original.

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