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Mia Couto estranha o facto de Agualusa não ter sido laureado Prémio Camões


Para Mia Couto, que venceu o Camões em 2013, o escritor angolano com 14 romances publicados já deu provas da sua qualidade literária, tanto que internacionalmente, pelo menos em espaços de língua inglesa, é reconhecido, o que tarda a acontecer ao mais alto nível no que se considera “lusofonia”.
“Não é por ser amigo do Agualusa”. Assim começou Mia Couto, realçando que o que estava por vir nunca tinha sido dito por ele em público. “Eu preciso de dizer isto. Acho muito estranho que Agualusa nunca tenha ganho o Prémio Camões. Ele foi finalista do Man Booker Prize, que é dos prémios mais importantes do mundo, depois do Nobel; ganhou o International Dublin Literary Award, que é um dos prémios mais prestigiosos do mundo. Ou seja, ele ganhou prémios em vários cantos, mas na comunidade lusófona não há esse reconhecimento? Certamente que há razões de acertos políticos que não deviam estar presentes quando se faz a avaliação da qualidade literária de uma obra”, avançou Mia Couto.
Ainda na cerimónia de lançamento de O terrorista elegante e outras histórias, em que os autores conversaram longamente com os leitores, Mia Couto reconheceu que a carreira literária de José Eduardo Agualusa foi mais difícil do que a sua. “Por isso fico muito feliz que ele tenha vencido um prémio, há semanas, o Prémio Nacional de Cultura em Angola, depois de vários anos em que foi uma figura pouco simpática para o regime”.

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