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ESS MUSS SEIN I (O DENTRO DO SOL)

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É tarde e um rapaz caminha. O céu está cinza, gotas miúdas vacilam e caem sobre tudo. Folhas de árvores rebrilham num contraste de humidade e luz natural. O sol bem distante recusou-se acordar. Hoje não me apetece trabalhar. Quero apenas me cobrir das nuvens. Sinto-me só na órbita. Quero humildemente chorar e com lágrimas sujar de cinza as nuvens que brancas foram. Quero que me sintam pelo interior e visite_vos o hálito gelado, o frio, o mesmo que me digere a alma. E que tremam horrorizados com as feições da escuridade que vos sobrevoara as cabeças, o tecto das casas, a artéria das ruas, o nada, a parafernaria de toda vossa tecnologia inútil. Que todas lareiras se apaguem e o fogo se torne estéril para que quem sabe se compadeçam da minha dor, percebam o glaciar em minha alma que se sobrepõe a minha escaldante natureza. Que minhas lágrimas, o meu choro, vos inunde o interior das casas, a tranquilidade dos olhos. E minha inquietude se torne na vossa inquietude, e minha angústia na vossa angústia mais funda, mais profunda e minha tristeza de água em vós se empedreça. Quem sabe assim não se compadeçam de mim, do que me vem de dentro, do que me transcende anatomia, o calor da idade dos séculos e frieza milenar d`alma.
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Norek Red
In A anatomia das Palavras.
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