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CAPÍTULO I – DANNY MUCAMBE (Moçambique)


Eram 12h e 13min depois de uma maratona de 2 noites consecutivas na faculdade trabalhando no último projecto do semestre, acabava de efectuar a entrega e caminhava lentamente para a paragem do museu. Tinha um aspecto moribundo, meio morto-vivo que denunciava o cansaço e esgotamento que se haviam apoderado da minha imagem humana.
Dava pena e medo aquela imagem de mim deambulando na rua com os pés assentes no chão mas com a mente arrebatada para longe.
Os carros se esquivavam de mim, até as sombras corriam e se escondiam por de baixo das espessas e frondosas ramagens das árvores que ornamentavam com suas majestosas folhagens os passeios da rua, e o vento, esse desviava o caminho para não ter de passar por mim.
E sem tardar já me encontrava na paragem, e o som dos chapas (normais e my loves) indo e vindo, e os cobradores vociferando os destinos com suas vozes enrouquecidas pelas letais doses de álcool a que investem suas vidas a um suicídio de médio prazo, me aterravam e quase que ensurdeciam os ouvidos que pareciam amplificar qualquer som que recebiam.
Ouvia de tudo, desde xipamanine, matola, Benfica, zimpeto, até katembe, em meus delírios tive a impressão de ouvir, entretanto, xkelene, que era o que queria ouvir, parecia ter desvanecido do vasto vocabulário dos cobradores e “modjeiros”, sentia que era só uma questão de tempo para as forças abandonarem as minhas pernas, e essas por sua vez renderem-se ao peso do meu corpo, deixando-o assim, à sua própria sorte.
Mas de tudo que eu pensara para aquele dia, nunca cogitara a possibilidade de acontecer o que acontecera a seguir. Algo para o qual não há explicação lógica ou física que se pudesse dar…
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